(Re) Vivendo - Quinto (último) Capítulo por Gabriela Vilks


''  Saber o limite de seu coração é quase que uma obrigação sua. Sofrer de mais, amar de mais, ser feliz de mais, ou triste de mais. Tudo tem um modo, tudo tem um começo e fim. Mas pra certas coisas, não são necessárias começo muito menos fim. Uma delas ? Ah meu querido, uma delas é o amor. '' 


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Pegou as mãos da moça, que estavam pousando ao lado do seu corpo, e as levou para o alto de seu pescoço, em sua gola da camisa. A moça passou a mão pela camisa, como a esposa passa na camisa amassada do marido. Começou a abrir os botões, devagar e suavemente. Quando terminou, levou as mãos para os ombros nem tão largos do rapaz, e puxou levemente a camisa, despindo-o dela. A camisa caiu no chão sem ao menos um murmúrio.
Havia ficado escuro de mais, de uma hora para a outra. Agora nem se ele se esforçasse o máximo, conseguiria ver a expressão na face da moça. A Lua Cheia estava quase chegando ao meio do céu.
Ele pegou as mãos da moça novamente, e as colocou sobre seu peito, onde ficara seu coração.  Ela sentiu o bater do coração do rapaz, que estava um pouco acelerado. O seu não estava diferente. Ela sorriu lindamente, e se ele tivesse visto, teria sorrido também. Ele aproveitou o espaço, e tirou sua calça jeans, a jogando para o lado, de modo tão silencioso que ela não percebera. Ela, depois de sentir o coração dele, puxou as mãos do rapaz e também colocou sobre seu coração. Quente, ele pensou quando sentiu a pele da moça, encoberta por seu sutiã, que presumiu ser de renda. Sentir o batimento acelerado foi incrível, para os dois, e ele achou engraçado, e deixou soltar uma risada feliz. Ele puxou-a pela cintura para mais perto. Ela subiu dois níveis da lateral da ponte, de modo que ficasse um pouco mais alta do que ele. Ele a ergueu um pouco mais, e a pegou pelas pernas, fazendo -a ficar com o peso em cima se seu corpo novamente. Ela se segurou nele, com as mãos em seu pescoço, enquanto ele a segurava firmemente pelas coxas. Ele deu meia volta, e começou a se agachar no chão, de modo que ficassem como antes. Ao segurar a moça pelas coxas, sentira que ela já não possuía mais a peça de baixo, e muito menos ele.
Ele fora se apoiando na lateral, sentando devagar, até encontrar o chão. A segurou um pouco para cima, a tempo dela se colocar reta, agarrada a seu corpo. Quando finalmente sentaram, ela sentiu a dolorosa mas boa pressão em sua abertura. Mais um choque elétrico percorreu o corpo de ambos.
Ele a segurava pelas costas, e ela também lhe agarrava as costas largas. Ela sentiu a pulsação do membro do rapaz dentro de si. Não precisaria sacanagem, muito menos pressa, e eles sabiam disso. Ficaram alguns segundos parados, sem ao menos mover um músculo. As respirações pesadas em ambos os pescoços arrepiaram um ao outro. Ela puxou o corpo do rapaz para mais perto, se houvesse como. Os dois corpos pareciam se fundir novamente. Ela se movia tão lentamente que ele podia definir como sendo insuportável. Mas isso não era problema. Fizeram sexo, lentamente, sentindo cada sensação, cada movimento, a pele ficando suada, a respiração cada vez mais rápida e pesada, e finalmente o ápice. Quando chegaram aonde deveriam chegar, ficaram imóveis novamente. Ele roubara um beijo suave dela. Ela sorrira durante o beijo. Uma sensação mais do que de alívio ou serenidade percorreu o corpo de ambos, sentiam que de qualquer forma, aquilo iria acontecer, e que devia acontecer. Fora maravilhoso. Ele a segurou pela cintura novamente, a erguendo o suficiente para sair de dentro da moça. A deitou ao seu lado, e puxou o cobertor cobrindo os dois corpos, que agora estavam aninhados. Ela repousara sua cabeça sobre o peito do rapaz, de modo que ele logo mexera em seu cabelo cheiroso. Ela, ficara a sentir o peito dele encher e esvaziar conforme respirava. Vida, foi o que ela pensou. Amor, foi o que ele pensou quando fitou o céu novamente.
Sem nenhuma palavra, que não era precisa, os dois dormiram profundamente sobre o cobertor.

Certas coisas acontecem em nossa vida. Coisas boas e ruins. Faz parte. Na vida dela, o que mais importava era o amor. Na verdade, a vida pra ela é o amor. E está certa. Ela o encontrou, e foi feliz , muito feliz com ele. Mas, algo que está acima de tudo o que possamos imaginar, age em nossa vida todos os dias. E seu amor teve de partir. Ele se fora,e junto, levou a vida e todo o sentimento que ela sentira um dia.

Um homem aprende tanto quando sabe o que olhar. Para ele, carinho e amor eram sinônimos. São quase iguais, mas onde há carinho, deve haver amor. E foi por isso que ele se casou com ela. E viu, o que realmente significa cuidar de uma pessoa. Ele cuidou ao máximo dela. Mas não foi o suficiente. Ela teve de partir, e levou consigo qualquer forma de sentimento que restara nele.

Destino ? Talvez. Predestinação ? Talvez. Coincidência ?Talvez. Acaso ? Talvez. Talvez, talvez. Nada em nosso caminho é definido ou esperado. Tudo tem um modo de acontecer e simplesmente acontece. Aceite isso. Na maioria das vezes, somente quando perdemos algo, é que lhes damos verdadeiro valor. E mesmo que tomamos o máximo de cuidado, e que tenhamos o máximo de carinho por ela, certas coisas se quebram, certas pessoas vão embora, certos relacionamentos acabam.
Necessitados de vida, ele e ela , dessa história, um dia, felizmente, se encontraram - literalmente-.
E da dor, do sofrimento, da vontade de morrer, da escuridão, do ódio de cada um, nasceu o que eu chamo de amor. Eles achavam que já haviam conhecido o que era o amor. Mas, descobriram que não. Amor não é carinho, não é vida, não é sexo, não é paixão. Amor é complexo e único, ele é independente, é e pronto. É mais do que carinho, é mais do que sexo, é mais do que vida, é mais do que paixão, é mais do que qualquer sensação ou sentimento que você tenha sentido. Amor, é saber que a sua vida - realmente - dependa de outra pessoa. E não digo isso como clichê, quem ama sente na pele realmente que depende da outra pessoa. A necessidade de cuidado é imensa. E necessária.
Os dois, realizaram um no outro, todo aquele sentimento de angústia e de arrependimento pela vida que se foi, no amor que fizeram. E não foi no sexo. Acharam a vida, um no outro. Novamente.
Sentiram seus corações baterem como antes. Sentiram o cuidado do outro. E isso, é o amor. Essa complexidade.


Os dois acordaram com a luz do sol já alto pela manhã.  Tomaram banho no rio. Tomaram café na casa dela, pois era sábado. Embora estivessem juntos, não trocaram muitas palavras. Tudo o que desejavam falar , fora dito em gestos na noite anterior. Tomaram um café quente, comeram cookies com gotas de chocolate. Conversaram sobre a vida que cada um levava, e como iria ser daqui pra frente. Trocaram telefones, começaram a ser ver todos os dias, e perceberam como cada um mudava ao ver o outro, perceberam como cada um fazia o outro feliz. Ela melhorou e não ficou com mais nenhum cara. Mudou de emprego, e está sóbria. Ele não bebeu mais, voltou a jogar futebol com os amigos, e a ver televisão. Já que não tinham mais suas famílias, comemoraram juntos seu casamento. Viajaram  para a Austrália.  Fizeram amor numa praia. Tiveram dois filhos. E foram mais do que felizes juntos. Eles entenderam o verdadeiro significado de amar. E com toda certeza, ensinaram isso para seus filhos.

(Re) Vivendo - Quarto Capítulo por Gabriela Vilks



'' Um sentimento entre duas pessoas, qualquer que seja ele, é mais do que somente um sentimento. É o modo como se sorri, é jeito do olhar, é o modo de cuidar. É o modo de ser feliz, e fazer feliz. '' 

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Algo está muito ... certo. Pensou ele enquanto deixava um espaço entre os lábios da moça , para poderem respirar naturalmente. Um sorriso anasalado a moça soltou, que o fez sorrir também. É , tem algo muito certo por aqui. Pensou ele novamente. A fitou na escuridão, e não aguentou, teve de tocar de leve a face macia da moça, que fechou os olhos ao toque do rapaz. Linda. Pensou ele.Se lembrou da primeira noite de amor com ela. E ao invés de sentir um nó em seu peito, um riso saudoso lhe rompeu a boca. E ele se viu sorrindo feliz, a tocando na escuridão. As bochechas lisas e pouco salientes, davam um aspecto de boneca à moça, que ainda sim, tinha os olhos fechados. Bonito sentimento, pensou a moça quando sentiu o toque em seu rosto. Ele a amava realmente, teve certeza. Ninguém sorri com certas lembranças, mas ele sorrira, e não pergunte, como ela sabia que ele havia lembrado. Detalhes, pensou ela, partindo com suas mãos para a raiz do cabelo do rapaz, em sua nuca. Era onde ela adorava pousar as mãos nele. Com a outra mão, o rapaz fez o caminho do braço da moça, sentindo onde o vestido terminara, até enlaçar os dedos com os dela,novamente, que agora pousavam em seu pescoço.
 Ele sentiu sua mão ser pega, e levada para junto da outra, em seu pescoço, de modo que parecesse estar descansando. Não fez questão de saber o que exatamente ela iria fazer. Somente fechou os olhos, respirou fundo com um meio sorriso no canto da boca, e esperou. Os lábios molhados da moça tocaram-o no pescoço, como se fossem pingos de chuva gelada. Lhe causou uma sensação tão boa, de alívio. Os lábios dela demoraram em vários trechos de pele, de um lado até o outro.Ela aproveitou cada pedaço de pele, inalou o perfume forte, e desejou que o cheiro da pele do rapaz nunca mais saísse de sua memória. E como se dissesse, terminei, ela soltou as mãos do rapaz, que logo se dirigiram para sua cintura novamente. Ela deixou suas mãos no pescoço dele, como se alí, fossem seu local predileto, e ele entendera isso de cara. A cintura pequena, encoberta pelo tecido um pouco áspero do vestido , que a essa pequena altura, devia estar um pouco acima das coxas da moça. Não se importavam, a hora chegaria logo. Ela sentiu os dedos fortes a apertando em sua cintura. Eu estou aqui, ela pensou, achando que fosse um gesto de ' isso realmente está acontecendo ? ' Nem a ficha dela havia caído ainda. Mas o tempo, agora, era a menor preocupação dos dois. Em condições normais, se fossem outras pessoas, um outro rapaz e uma outra moça, poderíamos dizer que, haveria somente sexo. Nada de sentimento. É claro, o sexo é bonito, se feito com algum sentimento. E sentimento, os dois, possuíam de mais, e estavam descarregando o excesso em gestos, em gestos tão bonitos que ninguém, nem eles mesmos entenderiam. Nessa noite, não é  o prazer que dominará. Nessa noite, o amor, puro e sua essência, mudarão a visão da vida dos dois. Ele a puxou novamente para um abraço. Ele a tomou por inteiro nos braços e por ela ser pequena, posso dizer que pela força dele, ele queria que os corpos se fundissem. E assim, grudados, ficaram por alguns instantes.
- Eu quero dançar com você. - ele disse num sussurro quase inaudível para a moça.
Ele sentiu o sorriso dela em seu pescoço. E então, começou a se levantar e a puxar a moça para cima novamente. Os corpos ficaram de pé. Logo se juntaram novamente, como se fossem ímãs.
Levemente, de um lado para o outro, se mexiam. Sem nenhum som. Ele a erguera um pouco, para que os pés dela, ficassem em cima dos pés dele, já sem sapatos, tirados logo quando chegaram. Ela riu internamente, e se lembrou quando ele, fez a mesma coisa na noite de ano novo, quando somente os dois ficaram em casa, ouviram os fogos, e beberam duas taças de vinho. Dançaram em silêncio por um bom tempo. E depois, dormiram tão felizes, com a promessa de um ano novo, que não iria ser vivido pelos dois juntos. O rapaz segurou a moça forte pela cintura, e ela compreendeu como se ele de maneira alguma a queria soltar, ou estivesse com medo de cair. Ela riu de novo. A música que tocava, tinha como melodia, o som dos corações batendo calmamente, a água corrente do rio, os barulhos da floresta e dos bichos que nela habitavam. Era a natureza, era perfeito.
Depois de algum tempo, os corpos pararam. Ela afrouxou um pouco as mãos dele que estavam em sua cintura, e desceu dos pés dele. Segurou as mãos dele levemente, e as levou até o alto de suas costas, exatamente onde o zíper de seu vestido estava localizado. Ele respirou fundo, tão fundo que pareceu inalar todo o ar que pudesse. Ele se lembrou  da vez que ela havia comprado um vestido novo, e que quando chegara em casa para lhe mostrar, o maldito zíper havia emperrado. Ficaram meia hora para tentar abrir o zíper, e depois que ela tirou o vestido, ficando somente de calcinha e sutiã na sala, começaram a rir feito crianças da situação. Quando as risadas acabaram, fizeram amor no tapete de veludo da sala. Ele riu ao lembrar-se. Pegou levemente o zíper com uma mão, e com a outra, fora descendo, acompanhando o caminho do zíper, até chegar na parte mais baixa da coluna da moça. Ficou alí parado por alguns instantes, pensando na pele macia que descobrira. Ele puxou suavemente as mangas nem tão compridas do vestido para baixo, puxou as laterais, e até que finalmente, o vestido caiu num bafo no chão de madeira. Pareceu ter visto um sorriso nos lábios da moça.