(Re) Vivendo - Terceiro Capítulo por Gabriela Vilks



'' A vida , só e bonita se você parar de vê-la com os olhos de um retardado. Antes de abrir os olhos pela manhã, antes de colocar o corpo para fora da cama, sinta o ar entrar em seus pulmões, e sinta-se vivo. Sinta sua pele, sinta seu pulmão dilatar, levante-se e olhe pela janela - e não importa se o que ver for só concreto - sorria. Você, conseguiu viver mais um dia '' Gabriela Vilks




Como o ar daqui é bom, pensou ele ao respirar fundo o ar puro dalí. Tudo parecia tão calmo e normal alí, que até dera uma vontade de ficar alí para sempre, com ela.
Ele sorriu no escuro e sentiu o coração pular dentro de si, quando a escutou dizer que ali era bonito.
A brisa era fresca, e um pouco gélida, mas estava perfeito. Ela é perfeita , pensou ele.
Qual foi a última vez que me senti assim ? Se perguntou ele. Não me lembro.
- Por que ? - perguntou ele , quase num sussurro.
- Não sei, mas isso não importa. Não agora. - ela respondeu breve e com firmeza.
- E depois ? Vai ficar na minha vida  ? - perguntou , já com medo da resposta.
- Não sou capaz de ficar na vida de mais ninguém. - ela respondeu ao vento.
- Como pode saber se não tentou ? - ele fitou a lua ao perguntar
- Minha vida se foi quando ele se foi. Hoje eu não vivo. Sobrevivo. - ela respondeu friamente.
- Suportar , não é mesmo ? - concordou ele.
- Faz parte. - ela completou
- Você me trouxe vida, por alguns instantes. - falou ele
- Você também. - ela retrucou.
- Eu me pareço muito com ele ?  
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Uma fisgada ardeu no peito dela , quando o ouviu perguntar se parecia com ele.
Demorou alguns segundos para responder.
- Sim, e eu gosto disso. - engoliu em seco.
- Hum. Você também se parece com ela. Mas acho que não gosto disso. - respondeu ele deixando claro a dúvida no ar gélido.
- Que bom.- ela concordou - se gostasse de verdade estaríamos na cama uma hora dessas. - ela riu baixo no final da frase.
- Não duvido. - ele concordou, se lembrando do gosto da boca da moça
Se passaram alguns minutos e os únicos barulhos alí foram o da água corrente, e o da floresta.
O céu não estava totalmente encoberto e a luz da lua minguante e das poucas estrelas eram o suficiente pra tornar a paisagem, incrível, para quem sabia observar.
Droga !Pensou ele. Do que se trata exatamente ? De saciar meu desejo de tê-la visto pela última vez ? Meu desejo de não ter brigado com ela na semana antes ? Meu desejo de não ter pintado a parede de amarelo ? Meu desejo de sentir pela última vez o perfume doce dela , ou meu desejo de me sentir vivo outra vez ? Quer realmente saber , Zayn, seu idiota ?! É o seu desejo de se mostrar como você é.
Uma ave piou ao longe.
- Sabe, eu gostaria de saber seu nome. - ela disse naturalmente.
- Zayn.
- Combinou.
- Com o que ?
- Com sua aparência. Um nome forte, pequeno e enigmático. Pelo menos pra mim.
- Interessante.
- E o seu ?
- Kate, na verdade, Katherina.
- Bonito nome.
- Obrigada.
- Não acredito que sou tão parecida com ela assim, a ponto de você me roubar um beijo.
Ele riu baixo. Demorou a responder.
- Quando te vi, senti que morri ou nasci de novo, não sei explicar. Algo mexeu aqui dentro. De um modo que só ela sabia mexer. Seu cabelo castanho , seus olhos castanhos, seu rosto fino e modelado, sua boca pequena e estreita, seu perfume doce e instigante. Na verdade, eu diria que você é um cover quase perfeito dela - ele riu baixo novamente - e eu não faço a menor ideia do que fazer agora. Sei que seus olhos me disseram muito mais coisa do que sua boca, e acho que você não gostou disso, não é mesmo ?
- É - ela soltou um riso anasalado - não gostei mesmo. E acho que em quesitos iguais, você só perde para as tatuagens . É incrível. E me pergunto se é realmente real.
- Segure - disse ele estendendo a mão para ela no ar.
Ela tentou fitá-lo nos olhos , mas não teve certeza se conseguiu com o escuro, e mesmo vendo pouco, enlaçou os dedos na mão dele.
Os dedos se apertaram contra a mão de cada um. Gerando a sensação de segurança, que só sentimos quando seguramos firme com amor verdadeiro.
Ela se lembrou da tarde no lago. Ele se lembrou da tarde na sala. Ele apertou a mão da moça contra a sua e presumiu que ela visse o quanto era real. Ela virou o rosto para o horizonte e para o céu novamente, sem demostrar se queria ou não se soltar da mão do rapaz. Ele não queria.
Ele, puxou o corpo um mais para o lado, e ela riu consigo mesma. Ela sentiu cócegas quando ele arrastou seu cabelo solto com todo o cuidado para o lado, liberando a vista seu pescoço esguio e pequeno. Ela apertou a mão dele. Uma respiração funda, contida de dor e negação foi solta por ela quando sentiu os lábios do rapaz em seu pescoço. Ele, ao beijar o macio pescoço da moça, sentiu novamente o perfume doce. Sorriu internamente. A cada beijo demorado em seu pescoço, o NÃO gritava em sua cabeça. Alguma parte consciente de seu cérebro lhe dizia : '' Ele é um desconhecido, você não o conhece, e está deixando beijar seu pescoço ? Impressa ! '' Mas, em alguma região de seu ser, o SIM, gritava mais forte, e os dois saberiam que o Sim, venceria naquela noite.
Para alguém que perdera a habilidade com mulheres e momentos 'quentes', o movimento que ele fez de puxar as pernas da moça para cima da ponte , foi até que bem sucedido. Um sorriso contido, estava nos lábios dela. Seguindo a linha do pescoço, desde a parte da nuca, até logo abaixo do queixo, ela sentiu cada toque como um arrepio bom e suave. Cada centímetro de pele, importa, pensou ele. As mãos, não se desprenderam por nenhum momento até agora. Ao sentir seu pescoço liberto - infelizmente - dos lábios macios do rapaz, com a mão livre, encostou carinhosamente no peito do rapaz, e ficou alí, brincando com a gola de sua camisa por alguns segundos. Seus olhos cravaram nos dele no escuro, e então como se eles a chamassem, ela os beijou. Beijou os olhos, a testa, o nariz suave, as maças do rosto ligeiramente entalhadas, as bochechas, o queixo reto, fazendo um caminho que com certeza era arrepiador, para ambos, sabendo que o destino final , seria logicamente, a boca do rapaz. Como se já soubesse do passo seguinte, ele , se desprendeu da mão da moça, a puxou pela cintura, se encostou na lateral da ponte, fazendo com que ficassem frente a frente de um jeito mais confortável. A mão da moça no peito do rapaz, sentia a respiração calma dele. E isso, ela achava incrível. Olhos abertos não eram precisos, e novamente, as bocas pareciam se atrair, e demorou mais do que o normal, para realmente , os lábios se grudarem meigamente.
E então, quando se encontraram efetivamente, a mesma corrente elétrica de antes, passou em ambos os corpos, gerando uma alegre cócega na coluna. Bocas se explorando calmamente, suavemente como o sono  profundo de um bebê. Era lindo de ver. As mãos dele, já se encontravam nas costas da moça, a segurando como se fosse uma boneca de porcelana, ou então um presente caro que não queria deixar cair. As dela, pousavam em seu nem tão largo peitoril, a frente de seus corpos.
Demorou até sentir tudo, cada canto da boca,  cada sensação que era sentida com o toque sutil da língua dentro da boca.  Foi incrível. Nenhum dos dois havia beijando ninguém assim antes. O beijo, só fora o começo.

(Re) Vivendo - Segundo Capítulo por Gabriela Vilks

" A vida não espera por nada nem ninguém. Ela apenas é. E você, apenas segue. Segue tentando acompanhá-la achando um jeito que seja o menos pior. E acha. Fica a vida inteira fazendo planos, e não os cumpre, passa a vida inteira fingindo ser, e nunca é . Chega. Seja. Faça. Voe, voe pra longe, pra longe de si mesmo.. Vá contra a corrente, e se precisar morrer pra isso, MORRA também ... " 




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 Lábios pequenos e doces, pensou ele enquanto sentia cada centímetro de boca da moça . Que saudade. A leveza do beijo, foi suscinta, e por ambas as partes a sensação causada pelo encontro repentino dos lábios secos, foi totalmente fascinante. Quase como se um pequeno choque elétrico partisse da boca de ambos, e fosse até a base do pescoço , causando mais do que somente um bom arrepio e um frio de barriga .Causou uma estática paralisante no ar, e que com toda certeza, se alguém visse, chamaria aquela 'áurea' em cima dos dois corpos, de amor palpável.
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Mas que diabos ele está fazendo ? Se perguntou ela, quando percebeu que ele havia parado em baixo da luz amarela do estacionamento por algum motivo que ela desconhecia. Que engraçado e estranho, pensou ela . Não fazia ideia do que ele estava pensando e muito menos o por que estava a olhando como se cada centímetro de pele dela, fosse ouro reluzindo .
Quando ela percebeu os olhos brilhantes e já pouco inchados do rapaz a sua frente, foi que houve um estalo. Eles se pareciam. Mas .. que ... droga ! Pensou ela , já tentando se controlar, tentado não bambear as pernas e sair correndo dalí.
Como eu pude não reparar ? Se perguntou quase se insultando internamente. Estava prestes a fazer isso, quando se surpreendeu pelo sorrisos saudoso, tímido e luzente que o rapaz soltara ao apreciar a face da moça.
O queixo meio quadrado, a barba rala, os lábios retos, os olhos quase negros e hipnotizantes, o cabelo meio desgrenhado. Era como se houvessem descrito ele , novamente. Mas não era ele. Ela sabia disso. Era informação de mais, e a cabeça já fraca dela, depois de tanto cair e beber, já não conseguia mais aguentar certas situações, imagine essa, de encontrar um cara na balada, com os mesmos traços do amor de sua vida.
Era de mais para ela. Não sentia mais sua garganta, muito menos seu coração. Somente mexeu os lábios para o lado, como se dissesse, você está aqui de novo . No fundo ela sabia que era impossível, mas sua insanidade a fazia acreditar que era. E sendo assim, se fugir era o que ele queria, ela fugiria, mesmo sem conhecê-lo, sem saber para onde iriam. Como se esperava, nada funcionava direito e então, ficou quieta, mais do que já estava.
Achou engraçado e fofo quando ele abriu a porta do carro com as mãos trêmulas e tentou colocar o cinto de segurança nela.
E então como se já não bastasse o coração a mil e a cabeça a zero, o rapaz , chegou mais perto, permitindo a ela, sentir o perfume dele novamente, e fitá-lo mais fundo nos olhos. Sabia, pensou. Olhos escuros, mas que com toda certeza, ela reconhecera que eles também já choraram muito por alguma coisa. Foi quase como um reconhecimento a primeira vista. De alguma forma, ela sentiu que estava ligada ou quem sabe conectada com o rapaz bonito. De alguma forma, estranha, e agradável. Olhá-lo novamente, a fez se sentir viva, por alguns segundos. E quando ele , imprudentemente resolveu selar os lábios dela, foi como se a vida , tivesse voltado ao meu corpo, ela pensou.
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Bom, para nós , imortais, o amor tem uma definição diferente para cada pessoa. Para as poucas que perguntei , o que é o amor para você ? elas me surpreenderam com as respostas.
"O amor ? Ah, o amor é um calor que preenche o coração quando beijamos quem amamos, e é assim que percebemos que realmente amamos a pessoa. Ela nos aquece, nos permite sermos menos humanos uma vez, e sermos bons, e verdadeiros. O calor, o frio na barriga, o sorriso involuntário, ah, esses são os sinais de um verdadeiro amor."
" Nunca acreditei em amor pra falar a verdade. Tive sim, com quem compartilhar um pouco de minha breve e insoça história, mas , nunca senti o que dizem os apaixonados. Amor .. hum ... é um amontoado de sentimentos e sensações boas que são provocadas por nossa mente fraca, numa tentaiva pré histórica e animal de reprodução. Pode me chamar de idiota, que não me importo, mas se todos seguissem meu conselho de não amar e não deixar ser amado, nunca haveriam guerras, em todos os sentidos. "

Viu só ? Uma totalmente contrária a outra. Não é incrível ? Bom, eu achei. Nunca vivi um amor de cinema em que quando você se apaixona, se perde. Eu já sou perdida, e acho que isso não ajudou muito mas enfim ... Não sofro com isso. Se houver um dia amor, em minha vida, vou acolhê-lo com a maior alegria. Mas, o meu verdadeiro amor, de agora, você está lendo. São minhas palavras, minhas histórias, meus personagens. Esses que daqui a pouco, irão com certeza descobrir algo tão  intenso, próximo e distante ao mesmo tempo da pequena palavra , amor.
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Não pode ser destino, muito menos qualquer outra babaquice que fale sobre duas pessoas serem tão iguais, se encontrarem por acaso em uma boate ! pensou ele, desencostando infelizmente os lábios dos da moça, a fitando rapidamente e soltando um sorriso tão lindo e natural, fechando a porta e dando a volta no carro para chegar ao banco do motorista.
Uma sensação de ansiedade e aconchego tomavam conta do peito do rapaz, que tentava ao mesmo tempo parar de pensar na moça ao seu lado, e pensar em algum lugar para ir. Ao passar pela placa que dizia 'saída' no estacionamento, soube para onde devia ir.
Era sexta feira a noite, logo as ruas e avenidas estavam amarrotadas de pessoas e carros. O GPS de última geração que ostentava no painel, não se fez preciso, pois o caminho que ele fazia, já estava cravado em sua memória. Era lá, que ele ia, quando os dois brigavam. Era lá que ele se fazia entender o por que dela . Era o seu lugar. E era para lá que ele estava indo.
Enquanto esperava o sinal abrir, olhou de relance para a moça sentada ao seu lado. Ela envolvia suas pernas com seus braços em cima do banco, o que fez seu vestido já curto, mostrar um pouco mais das pernas esbeltas da moça. Já estava sem os sapatos de salto alto, isso significava que estava aconchegada. Ela fitava cuidadosa e serenamente o outro lado da rua, onde passavam pessoas em suas roupas de festas, felizes, rindo, achando a vida uma beleza.
Não demorou muito para conseguir sair do perímetro urbano e chegar a parte mais natural perto da cidade. Em alguma altura da rodovia, ele virou a esquerda e caiu em uma estrada de terra que parecia não ser usada constantemente. Nenhum dos dois soltara uma palavra durante o trajeto, e isso somente acalmou os nervos saudosos de cada um. Dentro de alguns minutos já estavam passando por entre as árvores em uma estrada um pouco íngreme. Ele parou o carro.

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Quando foi mesmo a última vez que me senti tão bem comigo mesma ? se perguntou ela, enquanto o carro passava pelas ruas e pessoas. Fora há muito tempo. Muito tempo. Esse tipo de coisa, de destino e de encontrar a alma gêmea não existe , pensou ela. Embora um dia, ela acreditasse nisso.
Parecia que alí, dentro do carro, ao lado dele, a vida tinha outro cheiro. Quem sabe um cheiro estranhamente doce e suave de saudade, e algum resquício de amor, que ela e nem ele se lembravam. Isso o fez a sorrir. Não vou começar a me sentir uma escritora sentimentalista agora, vou ? Era assim que ela se sentia quando ele estava por perto, quando ele a fazia rir de coisas bobas.
Ela respirou fundo e se perguntou, Por que ? Por que hoje ? Por que eu ? Por que você ? Por que , por que ? Ela odiava quando não sabia as respostas, mas algo lhe dizia que elas estavam tão próximas quanto a presença dele. O carro parou de repente, a fazendo olhar para o rapaz que já a fitava com um breve sorriso no rosto.
- É rápido. Vamos a pé. - ele acenou  levemente com a cabeça para a trilha.
Foi o que ele disse. E bastou. Bastou escutar em míseras cinco palavras a voz dele para ela. Novamente, o coração queria sair do peito dela. Um sorriso surgiu na face dela. Ela se desprendeu do cinto, segurou seus saltos e foi dando os primeiros passos na trilha iluminada pelo brilho das estrelas e da lua, que estava minguante na noite escura.
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Vai ficar frio. Pensou ele , abrindo o porta malas e pegando uma manta velha mas limpa, que sempre deixara ali, somente para usá-la quando vinha alí.
Ele deu três passos longos e alcançou a moça que segurava os saltos em uma mão, e com a outra , envolvia sua cintura. Ele pegou a manta e a cobriu nos ombros, recebendo em troca, um sorriso tímido e um olhar iluminado pela luz dos astros.
- Sempre vim aqui, quando eu queria me distrair um pouco ou pensar na vida. É bonito, eu acho bonito.
A trilha começara a descer, e um barulho de água corrente preencheu o ar em instantes, a fazendo sorrir consigo mesma.
O silêncio se fez entre os dois, até chegarem à um pier.
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Obrigada, pensou em dizer ela pela manta, mas não conseguiu. Somente retribuiu com um sorriso, e que parecia ser a única coisa que conseguia fazer desde que se tocaram. Que bobagem, pensou.
Ela riu mais uma vez, ao ver que o modo como o rapaz falou sobre o lugar, ,o lembrava.
Mais alguns passos e vualá, um dos rios mais bonitos, limpo e menos conhecido da cidade e acho até que da região, pensou ela. Já vira matérias, e até fizera um projeto sobre alguns rios da região no trabalho. De perto, com toda certeza, e ainda iluminado pela luz das estrelas, era sim o mais bonito, se não o mais estasiador.  Fazia tempo que não tinha contato com a natureza. Fazia tempo que não tinha contato com nada nem ninguém.  O pier, de madeira, dava a impressão de ser antigo, mas bem conservado. Ao horizonte do grande rio, se via os elevados picos das montanhas e suas florestas se entendendo até onde a vista permitia. Tudo tinha cor cinza e preto.  Desceram algumas escadas e chegaram ao fim do pier. Ela esticou a manta do chão, e os dois se sentaram.  Alguns minutos a mais somente com o barulho de água, vento, folhas e galhos se batendo.
Tudo parecia tão bem, tão normal. A vida por alguns instantes parecia tão normal. Como se nada tivesse acontecido, como se o ar, fosse o mesmo daquele tempo em que as coisas eram mais fáceis, como se fosse o ar de liberdade e tranquilidade antes do amor. Antes dele. Naquele tempo eu era feliz, mas de outra forma, pensou ela fitando as montanhas.


 -  Tem razão, eu também acho bonito - disse ela.

(Re) Vivendo - Primeiro Capítulo por Gabriela Vilks


Olá minha gente ! Bom, só pra poder dar uma variada, vou postar também aqui, minha breve história (Re)Vivendo .. é uma mini história de encontro , dor, e perdas .. um homem e uma mulher, que passaram pela perda de seus amores não muito tempo, e que sem querer , pelo acaso do destino, se encontraram em uma boate. Sem querer, a atração física e mental por ambos, surge como se fosse o ar ficando visível. Tudo faz sentido quando os lábios se tocam, e parece que a vida , volta ao peito de cada um. 
Amor, muito amor, e finalmente vida, fazem dos dois, pelo menos por uma noite, completos novamente.


A história também está disponível aqui : Dare to Dream 


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" Muitas vezes, temos que aprender a amar aquilo que é bom pra gente, aquilo que nos faz bem . Isso é ser racional. Amar o que não vemos, amar cegamente e intensamente o que nos machuca, é babaquice. Isso é ser humano. '' 
G. vilks.








Ela não estava nem um pouco bem e após tomar dois copos de uma bebida cítrica e docemente alcoólica, perdeu o pouco sentido que restava em sua mente translúcida.  A vontade de afogar todos os sentimentos e todas as mágoas dentro do copo que segurava, era quase tão grande quanto a vontade de achar uma ponte alta o suficiente para pular e não sobreviver para contar a história. 
Depois da semana cheia de fofocas e novas intrigas idiotas no trabalho sobre sua vida sexual, que nos últimos meses se tornou tão visível quanto a tristeza que era permanente em seus olhos, e depois de todas as noites frias acordadas em lágrimas, ela decidiu seguir o conselho de sua melhor amiga : '' A vida continuou a seguir. Ela não parou quando ele se foi e você também não tem que parar'' e então, depois de uma sexta feira razoavelmente feliz, ela decidiu se produzir, arrumar o cabelo e ir para algum bar ou boate desconhecida a fim de descarregar todo o choro, a dor, a raiva, a solidão horrenda que estavam a privando de viver , desde que ele se fora, na bebida ou em algum homem de braços fortes e bons ouvidos.
Ela colocou o melhor vestido de festa que achou em seu armário, passou o básico lápis preto nos olhos , muito rímel, um batom claro somente para dar um contraste no visual negro.Se achou, pela primeira vez em tempos, bonita novamente.
Pegou o carro e saiu pela cidade , procurando por algum lugar cheio o bastante onde ninguém a conhecesse.
Quando achou, logo foi procurar pelo bar, onde se sentou e ficou a beber e a olhar para as sombras que se movimentavam esguiamente na pista com a música alta e contagiante. Ignorou elegantemente os olhares fixados e maliciosos dos homens , em suas pernas descobertas, revirando os olhos e levando a boca mais um pouco mais da bebida doce que a viciava a cada gole. 
Decidiu que a noite só iria acabar quando ela estivesse acabada. Era uma situação complicada e muitas pessoas poderiam achar esse jeito de fugir dos problemas, um atendado aos bons modos. Ela já não era um moça de bons modos há muito tempo e sabia que isso não fazia diferença nenhuma. A vida havia perdido a cor, e então experimentava cada coisa, desde pessoas a comidas, simplesmente para tentar achar em alguma delas o sabor da vida novamente. 
Ao pedir que o Barman enchesse mais uma vez seu copo, ela subitamente se levantou e caminhou até onde todos os corpos se amontoavam para dançar. 
Ela recuou alguns passos antes de adentrar na pista.
Fitou por alguns segundos os corpos refletindo luxuosamente os flashes coloridos que piscavam e apagavam, e avançou alguns passos chegando em algum espaço não muito tumultuado.
E foi alí,que ela começou a se mover no ritmo da música , com uma leveza que chegava a ser contrastante com o local. Ela mexia lentamente as pernas e braços, os olhos fechados e seu corpo se contorcia habilmente como uma cobra sendo hipnotizada. Obviamente, os homens que tiveram a sorte de observá-la dançar , ficaram totalmente encantados, se perguntando certamente de , como uma mulher poderia dançar daquele jeito ? 
Ela se esqueceu de quem era e seus movimentos foram ficando mais ousados conforme em sua mente, flashbacks dos momentos felizes e extraordinariamente quentes na cama com ele, iam passando, e as sensações estasiantes e magníficas que um dia ele lhe causara, iam se espalhando por seu corpo como um veneno, a queimando por dentro.
Suas costas estavam arqueadas, sua bunda empinada, e suas mãos passeavam livremente por próprio corpo como se fossem serpentes tentando subir em um tronco de árvore. Era um cena absurdamente sensual para quem apreciava. Uma mulher esbelta, elegante em seu vestido preto e curto, lindamente dançando sozinha no meio da pista , como se dançar, fosse a última coisa que ela gostaria de fazer antes que o fim do mundo chegasse.
Não demorou muito para que algum homem, tosco e um pouco mais ousado que os outros, encantado pela dama, chegasse perto, e grudasse o corpo dele ao dela , numa tentativa animal e imbecil de quem sabe, conseguir um bom sexo ao final da noite. Ela pensava assim. E é realmente o que a maioria dos homens querem: somente um boa e gostosa transa.
E foi isso o que ela também fez com os homens bobocas do escritório. Transou com cada um deles. Os deixou pensar que ela é quem estava sendo aproveitada, mas na verdade eles é quem estavam sendo usados por ela. Claro, em aspectos diferentes. Eles a usaram sexualmente, ela os usara emocionalmente, descarregando no sexo com cada um deles, toda a ira que ela guardara do mundo imbecil.
 O homem que grudou o corpo ao dela, a agarrou pela cintura gostosamente e a girou, de modo que ele pudesse a fitar no rosto quando algum raio de luz o iluminasse. Ela agradeceu internamente por ele ser bonito. Um bonito que ela definiu: animalesco. Ele era moreno, com traços retos em seu queixo, sua barba rala formava um cavanhaque sutil e estiloso. Seu cabelo negro, raspado nas laterais e um topete arrepiado ao alto da cabeça, diziam que ele tinha ao menos 25 anos. Quando flashes passaram por ele, ela conseguiu identificar um corpo magro, porém forte, braços normais, mas encobertos por várias tatuagens. Ela gostou disso. Mais um pouco de exotismo. 
A mão dele em sua cintura ainda não havia se movido, e seus quadris estavam se movendo grudados, fazendo com que ela sentisse o volume na calça do rapaz em suas coxas. Ela, como se quisesse provocá-lo mais um pouco, o prendeu pelo pescoço o puxando para mais perto, se possível. Ela sentiu um perfume forte, exatamente másculo, daqueles que se usa para atrair mais mulheres na balada.Ela riu. 
O ritmo da música era quase alucinante e a cena, dos dois corpos colados aproveitando cada centímetro e movimento, era totalmente excitante. 
O objetivo das duas mentes que agora estavam coladas, eram bem diferentes, mas tinham algo em comum. Nenhum dos dois sabia que o outro passara por uma fase complicada na vida. 
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Ele , depois de aguentar mais uma semana no trabalho, agradeceu por finalmente ser sexta feira. 

Voltou para o pequeno e aconchegante apartamento que ela escolhera , logo quando começaram a namorar. Toda vez que ele passava pelo quarto, agora branco,  era como se a visse dormindo com seu pijama amarelo. Parecia que cada parte da casa, o fazia a lembrar dela. 
Já não se interessava mais pelos jogos de futebol na tevê, em ouvir as músicas do Mick Jagger no volume máximo aos sábados, e muito menos por lasanha de frango. Era a comida favorita dela, que eles faziam questão de preparar juntos aos domingos. 
A casa já não era mais a mesma também, muito menos ele. As paredes foram pintadas 3 vezes. Os móveis , mudados de lugares inúmeras vezes. Mas, das lembranças, ele sabia que não tinha como se desfazer. E nem queria. Eram elas que o mantinham vivo.
Ficar bêbado pela madrugada, havia virado rotina. E quando ele estava pior do que o normal, quando via o anel em sua mão, podiam esquecer de vê-lo no trabalho por dois dias, pelo menos. 
 Já fazia 2 anos. Era muito, e ele sabia disso. Não tinha vergonha nenhuma de sair na rua com a cara inchada de choro, e muito menos vergonha de aparecer no trabalho depois de ficar dois dias em coma alcoólico por causa das malditas memórias. Ele era forte e ninguém podia negar isso. 
Os amigos, tentaram muito no começo, mas logo foram desistindo. Ele era cabeça dura. Os ignorou por muito tempo, mas , há algum tempo, os laços estão se estreitando novamente. E até combinaram de sair na sexta feira, que finalmente havia chegado. 
Com eles, ele parecia ter vida novamente. Brincava, conversava, mas nunca, nunca falava o nome dela. Eles sabiam disso, e exatamente por isso, o levaram para um bar/boate no centro da cidade que sempre estava lotado. Era um dos melhores da cidade. Ele nunca fora de baladas. E lá estava ele, tentando lembrar o nome da bebida favorita , sentado no bar. Depois da ajuda do Barman, ele tomou , e sentiu  o frescor do álcool escorrer por sua garganta. Lembrou-se dela.Razoavelmente feliz, era como ele estava. Já fazia alguns dias que não se afogava em lágrimas e muito menos no álcool. Isso era bom. Ele prometera que ia pegar leve com a bebida.
 Era ridículo ir a uma boate e somente ficar sentado a olhar as outras pessoas se divertindo,  ele sabia disso, mas não estava exatamente no clima de dançar, ainda mais sem sua companhia predileta para isso. 
Uma mulher, que na opinião dele, mais parecia uma vadia de primeira impressão, sentou a duas cadeiras de distância, e pediu uma bebida. Os homens ao lado, não se importavam em olhar para as, até que belas pernas da mulher. Cafajestes, pensou ele. Ela deve estar chapada, pensou quando viu a moça deixar a bebida no balcão e se meter na pista de dança como se a pista a chamasse.  Ele ignorou, como já pensou, deve já estar bêbada. 
Depois de muita insistência dos amigos, foi tentar dançar. Conheceu algumas amigas dos amigos, eram legais, porém vazias. Só cabelo, maquiagem, e bunda. 
Ele estava quieto somente curtindo a música contagiante, quando algum corpo feminino chamou sua atenção, no meio de outros tantos que se moviam rapidamente. 
Ele estreitou os olhos e finalmente achou. Era a vadia. Como ? Pensou ele. 
Ela dançava perfeitamente, harmonia entre os braços, as mãos e o resto do corpo. Era quase sobrenatural. Ela dançava com tanto sentimento que ele quase pode senti-lo no ar, e na música. Ela parecia ser a única pessoa que realmente estava curtindo a música, literalmente, pensou. 
Reparando mais na face da moça quando as luzes a refletiam, ele ficou estasiado. 
Não pela beleza , mas pela semelhança. Elas se pareciam muito. Claro, a moça fazia bem mais o estilo personalidade forte, com seu vestido preto curto e uma maquiagem negra. Mas, o cabelo castanho comprido solto, com as ondulações nas pontas, o nariz simpático e bem delineado, até os lábios, pequenos . Seu coração começou a pulsar mais rápido, e sua mente a embasar. Quando a moça passou as mãos pelo peitoral, foi como se ela dissesse , venha até mim. E ele foi, foi como se necessitasse do corpo dela junto ao dele para respirar. Sua mente já estava confusa o bastante para não entender os sinais. Chegou perto, a agarrou e a girou, ficando assim frente a frente com a moça. 
Ele quase implorou por luz, para conseguir enxergar novamente o rosto dela. Ficou pasmo ao ver os olhos castanhos. A segurou mais forte pela cintura. Se perguntou se era uma visão ou se já estava bêbado. Mas ele nem havia bebido mais do que dois goles. Quando a moça, o envolveu pelo pescoço,  foi quase como se ele estivesse revivendo a primeira dança , com ela. Ele a precisava senti-la novamente, pela última vez.
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Ela estranhou quando o rapaz encostou a testa na dela, e sussurrou algo baixinho. Deve estar bêbado, pensou. Não importava, somente diversão, se lembrou. 

Depois de alguns segundos respirando o perfume forte do rapaz, ela já não queria mais ficar ali. Ela queria sair, ficar livre novamente, o perfume a tinha lembrado dele. Ela tentou se desprender dos braços do rapaz, mas foi impossível, ele a não soltara. Ela ficou imóvel, somente deixando em repouso as mãos do rapaz em sua cintura. Estranhou mais ainda, quando ele a cheirou no pescoço, como se quisesse saber o perfume que usava. O gesto lhe causou arrepios, e pensou logo que ele era um bom paquerador. 
Estava prestes a se virar e sair dalí quando se sentiu livre das mãos do rapaz, mas, foi sendo puxada por entre as pessoas. Demorou um pouco para entender o que estava passando, mas era ele, ela concluiu.
Quando sua visão permitiu, ela estava andando pelo estacionamento ao lado do rapaz, que agora na luz fria e amarela do lugar, lhe permitiu ver o quanto de beleza no rosto dele havia. 
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Ele depois de sentir o perfume doce e leve da moça, teve toda a certeza de que, elas se pareciam muito, mais do que o normal. 

Pessoas se parecerem fisicamente, é comum, mas não usarem o mesmo perfume, e muito menos terem  as mãos macias , pensou ele. Não importava. Seus olhos já estavam marejados e ele sentiu que podia desabar alí no meio de todos a qualquer momento. Sim ou Não ? 
Sim, vou levá-la daqui , decidiu ele imediatamente. 
Pegou a moça pelo braço e a conduziu para o estacionamento, precisavam sair dalí, ele precisava tentar provar de uma coisa, que quis muito fazer , antes de tudo acontecer. 
Quando chegaram no estacionamento subterrâneo, com as luzes, ele pode ver que , meu deus, era realmente incrível. 
Tudo, o castanho do cabelo cacheado e longo, a altura, um pouco mais baixa do que ele, a cor da pele, um branco sutil, os olhos, castanhos escuros que pareciam exatamente bolinhas de gude, as sobrancelhas, bem feitas e escurinhas, o nariz, delicado e sutil, os lábios, pequenos e rosados, o queixo, fino e belo, o corpo pequeno e fofo. Como pode, como pode ? Pensou ele. Só se deu conta de que havia parado em baixo da luz para conseguir analisar todos os detalhes no corpo na moça, depois que ela sorriu e o tocou suavemente na face, limpando as lágrimas que desciam pelo rosto dele. Ele tentou sorrir . Quase conseguiu.
Apertou todos os botões do controle do carro que piscou em algum lugar , não muito longe da onde estavam, ele a guiou com as mãos trêmulas até o carro, abrindo a porta e a colocando lá dentro. Ela se submeteu a ficar quieta. Somente a observar . 
Ele , quase não conseguiu achar o cinto de segurança para colocar na moça, e com uma ajudinha dela, finalmente conseguiu. 
Ela segurara suas mãos trêmulas, e o olhara fixamente nos olhos, quase como se perguntasse, por que está chorando ? Ele entendeu, e acariciou a face da moça, que mexeu os lábios levemente para o lado. A leveza, a maciez da pele, era uma sensação que ele podia sentir pelo resto dos seus dias. Como se não aguentasse mais, ele chegou perto o suficiente para os lábios se roçarem, o que gerou mais ainda uma sensação de desconhecido no ar. 

Olázinho :)

Uhul!
E aí gente , como vocês vão ?! Bom, espero que bem , assim como eu .

E então .... não sou muito boa de apresentações pessoalmente, e muito menos na internet, então não vou falar muito sobre mim, e também acho que não é preciso saber sobre a vida da pessoa quando os olhos ou as palavras dela dizem tudo.

Sou dessas ( raras ) pessoas que quando quer se descrever, ou usa a terceira pessoa, ou coloca algum poema ou soneto no lugar , mas bom, pra falar a verdade, eu não acho isso muito justo , ainda mais eu que vou escrever aqui , e meu público ( vocês) tem de saber algo sobre o autor das palavras que leem, não é mesmo ?!

Não gosto de escrever por acaso, tenho meus motivos, e eles são bons. Alguns deles, são :
acho que escrever histórias fantásticas, é uma forma de mudar o mundo, mesmo que seja 0,00001 por cento, eu sinto que posso fazer, e se é isso que posso fazer, eu farei sem dúvida alguma.
Já trabalhei em alguns blogs, de contos e histórias de escritores do século XXI, e também fiz algumas 'fanfics' para certos blogs.

Não sou fã de todos os cantores e bandas do mundo, e meu trabalho não permite que eu seja, então, minhas 'fanfics' são neutras, claro, possuem referência as pessoas, mas não de forma direta , como vocês estão acostumadas a ler.

Acho isso de 'fanfics' uma boa ideia, além de entreter as que leem, de alguma forma passa um sentido. Não acredito que você vai um belo dia cruzar a rua e encontrar seu ídolo e vocês vão se casar , pois isso não vai acontecer. A não ser que você more na mesma cidade que ele e frequente os mesmo lugares que ele. E do mesmo jeito isso é quase que impossível.
Para as que acreditam nisso, por favor não me entendam mal, eu sou muito realista. Não faz mal sonhar com quem se gosta, o errado é sonhar alto de mais e errado.

Fanfics que são muito bobas ou até então loucas, para mim não fazem o menor sentido a não ser ocupar o espaço no blog e fazer pessoas perderem o tempo lendo. Se for pra escrever, que seja algo que mude, que faça acontecer conflitos, que seja bonito, que seja possível e não distante. Que seja da imaginação boa, e não da cópia, da cópia do clichê.

Perdão para as leitoras que gostam de ler coisas assim, mas eu não sou uma escritora assim. Vou fazer o que sei fazer. Escrever minhas próprias histórias, com meus próprios personagens, em meu próprio mundo. ...


Minhas palavras ... não sei muito mais o que dizer leitoras .... essa sou eu. Gabriela Vilks.
Sua nova escritora do blog :D

Caso queiram dar uma olhada em meu blog, fiquem a vontade :

Minha Outra Dimensão 


Obrigada pela atenção :) hasta la vista baby's